quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O Mestre e o Cajado



Certa vez, um mestre sentiu que estava bem próximo de morrer. Mandou então convocar todos os seus discípulos a uma importante reunião. Quando todos estavam presentes, ele disse:
Pedi para todos comparecem hoje a este encontro, pois temo que meus dias estão chegando ao fim. Preciso escolher dentre vós aquele que será meu sucessor. Então resolvi propor uma tarefa a todos vocês. Escondi o meu cajado em algum lugar da floresta. O cajado, como todos sabem, simboliza a sabedoria e a benção que será passada a um de vocês. Aquele que primeiro me trouxer o cajado será agraciado com a minha sucessão e herança. A inteligência da vida mostrará quem é o escolhido. Podem ir agora.
Os discípulos saíram então do local de reunião bastante abalados, por saber que o mestre estava prestes a morrer, mas ao mesmo tempo ávidos por encontrar o cajado e dar seguimento à obra do mestre.
Todos então se embrenharam na floresta, procuraram, procuraram, mas nada encontraram. Vasculharam a floresta inteira e nada. Muitos desistiram e foram retornando aos poucos, acreditando que não havia nenhum cajado na floresta e que o mestre havia lhes pregado uma peça. Todos os discípulos então retornaram e foram ter com o mestre. O mestre então percebeu que ainda faltava um discípulo, que não havia retornado da busca.
Passados dois dias, o último discípulo chega, sujo, suado e com aspecto de cansaço. Estava ofegante e malcheiroso, mas também não encontrara nenhum cajado. Assim que chegou, os discípulos riram dele por conta de sua condição.
O Mestre então chamou todos e disse: Pedi que todos fossem a floresta e procurassem um cajado,o que houve?
Um deles respondeu: Senhor, parece que não havia nenhum cajado na floresta.
O Mestre respondeu: Sim, havia um cajado, e um de vocês o encontrou.
Os discípulos então ficaram confusos, pois nenhum deles encontrara qualquer coisa. O mestre então explicou:
Não havia nenhum cajado físico. Não se esqueçam que o cajado é apenas um símbolo da sabedoria e não a sabedoria em si mesma. E para se adquirir a verdadeira sabedoria é necessário se ter uma virtude básica: o esforço pessoal. Sem o verdadeiro esforço, que tudo supera a ponto de nos fazer esquecer de nós mesmos, e transcender até mesmo as barreiras físicas, não se conquista a sabedoria. Todos vocês voltaram limpos e cheirosos, sem suor e sem sujar as mãos. O único que se esforçou, sujou as mãos e deu tudo de si, foi aquele que chegou dois dias depois e ainda foi objeto de chacota. O desfrute do objetivo não está necessariamente na conquista final, mas principalmente no esforço em se atingir o objetivo e no quanto superamos nossos limites durante o caminho. Aquele que rompe seus limites e dá tudo de si em busca da sabedoria, sempre a encontra. A este dou minha sucessão e meu verdadeiro cajado.

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